Após a celebração do Dia da Animação no dia 5, a programação do mês de Novembro do Cineclube Torres será pautada na reflexão sobre a questão racial, focando especialmente em questões de segregação e violência urbana em periferias das metrópoles brasileiras.
Serão 3 filmes da recentes de produção nacional nos quais os autores, a partir das suas diversas extrações e com perspectivas diferentes, procuram relatar estórias relacionadas às condições impostas a determinados estrados sociais, prevalentemente negros, em áreas urbanas praticamente abandonadas ao seu destino, uma moderna e perversa Senzala com poucas esperanças de sobrevivência e de redenção.
Jeferson De, cineasta negro de “Bróder”, o jovem e branco Fernando Grostein Andrade autor de “Na Quebrada”e afirmada cineasta Lúcia Murat em “Praça Paris”, utilizando a arte cinematográfica e linguagem audiovisual, traçam nestes filmes percursos de encontro e de conflito inter-racial, que representam temas de reflexão incontornáveis tendo em vista a solução das desigualdades ainda existentes em larga escala no país.
Integrado nas atividades previstas no município para a semana do Dia da Consciência Negra promovida pelo Comitê Afrotorrense, o ciclo de filmes do Cineclube Torres é dedicado à figura de Mariele Franco, mulher negra e de periferia, ativista pelas causas raciais e LGBTQ+, vereadora eleita no Rio de Janeiro, cujo brutal assassínio em Março deste ano ainda está longe de ser devidamente esclarecido.
As exibições, que integram o projeto “Audiovisual é Arte, Cultura e Cidadania” realizado com recursos do Governo do Estado do Rio Grande do Sul por meio do Pró-cultura RS FAC (Fundo de Apoio à Cultura) e apoio da Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte de Torres, ocorrem sempre às segundas, 20h, no Auditório José Antônio Picoral, na atual Casa da Terra e antigo Centro Municipal de Cultura, com entrada franca.
Segunda Feira dia 12 de Novembro
20h – Auditório José Antônio Picoral
Bróder
de Jeferson De
Brasil – 2010 – Drama
Focada na amizade e abrangendo 24 horas, a história traça o reencontro de três amigos que dividiram a infância no Capão Redondo, zona sul de São Paulo: Jaiminho, um jogador de futebol em ascensão no exterior; Pibe, um sacrificado corretor de imóveis e Macu, o jovem protagonista que se mantém no bairro, flertando com a criminalidade. Ironicamente, embora Jaiminho e Pibe tenham muito mais o “perfil”, também racial, do Capão Redondo, Macu (Caio Blat) é o único que ainda mora na periferia.
Cineasta de reafirmação da cultura negra, Jeferson De, formado em cinema pela USP, criou em 2000 o manifesto “Dogma Feijoada” para defender a representação do negro no cinema nacional e com este seu primeiro longa metragem triunfou no 38º Festival de Gramado.
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Segunda Feira dia 19 de Novembro
20h – Auditório José Antônio Picoral
Na Quebrada
de Fernando Grostein Andrade
Brasil – 2014 – Drama
Baseado em fatos reais, o filme segue a trajetória de um grupo de jovens de classe baixa, como Júnior, talentoso no conserto de televisões, Zeca, que testemunhou uma chacina, Joana, garota que sonha com a mãe desconhecida e Gerson, cujo pai está na prisão desde que nasceu. Entre histórias de perdas e violência, eles descobrem uma nova maneira de expressar as suas ideias e as suas emoções: o cinema.
O diretor, Fernando Grostein Andrade é um jovem cineasta, conhecido pelos documentários “Coração Vagabundo” e “Quebrando o Tabu”, com trabalhos realizados para TV e publicidade.
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Segunda Feira dia 26 de Novembro
20h – Auditório José Antônio Picoral
Praça Paris
de Lúcia Murat
Brasil – 2017 – Drama/Suspense
Camila é uma terapeuta portuguesa que trabalha na UERJ, onde atende Glória, ascensorista da universidade. Ao longo das sessões Camila se depara com uma realidade bastante violenta, já que Glória, negra e moradora de uma favela, foi estuprada pelo próprio pai quando criança e seu irmão, Jonas, é um perigoso bandido que está na prisão.
Cada vez mais assustada com os relatos, a terapeuta se sente ameaçada ao mesmo tempo em que Glória passa a vê-la como alguém essencial em sua vida: esta relação entre duas mulheres tão diferentes acaba traduzindo, numa escalada de suspense, a tensão social existente na suposta cidade maravilhosa.
Cineclube Torres
Associação sem fins lucrativos
CNPJ 15.324.175/0001-21
Registro ANCINE n. 33764
Produtor Cultural Estadual n. 4917