JANEIRO:
Segunda-Feira, 4 de Janeiro
Centro Municipal de Cultura de Torres – 20h
Contracorrente (2011)
de Javier Fuentes-Leon – Peru
Contracorrente retrata a vida do pescador Miguel que, mesmo apaixonado pela esposa Mariela que espera o primeiro filho do casal, vive um tórrido caso de amor com o artista plástico Santiago. A pacata vila de pescadores do pouco conhecido litoral peruano aos poucos se transforma quando é revelado o secreto e apaixonado “affair” entre Miguel e Santiago.
O autor faz referências evidentes ao realismo mágico Sul Americano, em geral a Gabriel Garcia Marquez e em particular ao livro “Bom dia aos defuntos” do peruano Manuel Scorza e ao brasileiro “Dona Flor e seus dois maridos” de Nelson Rodrigues, articulando na tela com evidentes referências fellinianas.
O filme foi eleito em 2011 melhor longa-metragem na 18ª edição do Festival MixBrasil de Cultura da Diversidade e no mesmo ano venceu o prêmio de público no festival de cinema de Sundance – EUA.
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Segunda-Feira, 11 de Janeiro
Centro Municipal de Cultura de Torres – 20h
Rudo e Cursi – A vida é uma (2008)
de Carlos Cuarón – México
Beto (Diego Luna) e Tato (Gael García Bernal) são irmãos que largaram a vida de camponeses para tentar a sorte nos campos de futebol. Apesar do sonho fraterno de construir uma casa para a mãe, os dois vivem em disputa, dentro e fora do campo, numa relação de amor e ódio. A chegada à fama e ao sucesso não resolve essa rivalidade, bem pelo contrário.
Em este seu primeiro longa-metragem, Carlos Cuarón, irmão mais novo de Alfonso Cuarón, faz uma hilariante e cáustica gozação sobre o mundo do futebol, sobre a ascensão meteórica de jogadores da miséria para a riqueza extrema e sua incapacidade de lidar com isso, sobre a música brega, sobre a imprensa sensacionalista, sobre a corrupção endêmica, sobre o poder do tráfico de drogas, tudo isso ambientado na sociedade mexicana, mas poderia perfeitamente estar tratando do Brasil.
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Segunda-Feira, 18 de Janeiro
Centro Municipal de Cultura de Torres – 20h
Elefante Branco (2012)
de Pablo Trapero – Argentina
O cinema argentino é muitas vezes identificado com histórias de problemas e angústias existenciais da sua pequena burguesia, em bairros nobres da capital. Pablo Trapero é nesse sentido uma exceção e ambienta esse filme numa favela na periferia de Buenos Aires que cresceu em torno do esqueleto de um enorme prédio inacabado, estopim para sucessivas invasões, crescimento desordenado, violência, marginalização, tráfico de drogas e tudo mais.
Um grupo religioso acompanha a situação, de forma institucionalizada e burocrática, mas um dos seus sacerdotes, interpretado pelo ubíquo quanto excepcional ator Ricardo Darín, vive intensamente esta missão de amenizar a vida e os problemas dos habitantes da comunidade, tendo que lutar contra a violência policial, a burocracia da máquina pública e a guerra entre gangues de traficantes.
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Segunda-Feira, 25 de Janeiro
Centro Municipal de Cultura de Torres – 20h
Lavoura Arcaica (2001)
de Luiz Fernando Carvalho – Brasil.
A trama inverte a parábola bíblica do filho pródigo abordando a narrativa de uma forma puramente estética e visual, com interpretações magistrais por parte dos atores, imagens deslumbrantes e uma trilha musical perfeita.
André (Selton Mello) é um filho desgarrado, que saiu de casa devido à severa lei paterna e ao sufoco da ternura materna. Pedro, seu irmão mais velho, recebe da mãe a missão de trazê-lo de volta ao lar. Cedendo aos apelos de Pedro, André resolve voltar para a casa, mas os conflitos familiares em lugar de serem resolvidos, se tornam pouco a pouco inconciliáveis.
O filme de Luiz Fernando Carvalho foi homenageado em 2015 na 10ª Mostra Mundo Árabe de Cinema, para celebrar os 40 anos da publicação do romance escrito por Raduan Nassar que forneceu a trama do filme.
FEVEREIRO:
Segunda-Feira, 1 de Fevereiro
Centro Municipal de Cultura de Torres – 20h
Crime Ferpeito (2004)
de Alex de la Iglesia – Espanha
O genial diretor Alex De La Iglesia nessa hilariante comédia de humor negro consegue explicitar uma forte sátira à sociedade de consumo, espanhola e ocidental em geral, cada vez mais obcecada com a ascensão social e aquisição de bens materiais.
Tudo acontece em volta de uma sofisticada loja de departamentos onde Rafael Gonzalez trabalha como vendedor, sempre em busca da excelência e dos resultados de venda. A rivalidade interna com outro vendedor para subir na hierarquia interna da loja, desencadeia uma serie de acidentes, crimes e peripécias que passam despercebidos ao numeroso público do Shopping ma não aos olhos de outra funcionária.
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Segunda-Feira, 8 de Fevereiro
Centro Municipal de Cultura de Torres – 20h
O Pântano (2004)
de Lucrécia Martel – Argentina
Durante o mês de fevereiro, no noroeste argentino, vários fatores climáticos se juntam: sol intenso, chuvas repentinas e fortes. Nas elevações montanhosas, entre as árvores, algumas extensões de terra se alagam, formando temporariamente profundos charcos, armadilhas mortais para os animais da região.
“La Ciénaga / O Pântano” da argentina Lucrécia Martel é ambientado na cidade de La Ciénaga e nos seus arredores, perto da Bolívia, numa fazenda denominada La Mandrágora onde duas famílias se reúnem, tentando sobreviver a mais um verão infernal. A aparente calmaria dos dias de férias abre o caminho para conversações venenosas à beira da piscina, dissídios, explosões de violência num cotidiano áspero e intranquilo, abrindo feridas na carne e profundas hemorragias psicológicas.
Foi ganhador do Prêmio Alfred Bauer no Festival de Berlim e premiado no Festival da Havana.
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Segunda-Feira, 15 de Fevereiro
Centro Municipal de Cultura de Torres – 20h
E Sua Mãe Também (2001)
de Alfonso Cuarón – México
Um “road movie”, protagonizado pela dupla Gael García Bernal e Diego Luna, que interpretam dois adolescentes de alta classe da Cidade do México, desfrutando uma adolescência abastada, entre namoradas, festas, drogas e sonhos. O encontro com a bela Luisa, beirando os trinta anos, esposa de um primo, muda a rotina convencendo a empreender viagem juntos para a mítica praia de “Boca do Céu”.
Mas as descobertas, os medos e os anseios dos personagens se confundem com a terra da estrada e com o calor do sol, aparecendo gradualmente no caminho duvidas, conflitos e rivalidades: são ameaças à amizade e parte integrante e necessária do rito de passagem à idade adulta.
O filme foi premiado pelo melhor Roteiro no Festival de Veneza.
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Segunda-Feira, 22 de Fevereiro
Centro Municipal de Cultura de Torres – 20h
No (2012)
de Pablo Larrain – Chile
O filme fotografa um dos momentos históricos da história recente latino-americana e não só: o plebiscito de 1988 em que o povo chileno foi chamado para manifestar-se quanto a permanência no poder do Pinochet no Chile, após quase 15 anos de ditadura.
O filme foca na figura do publicitário René Saavedra (Gael García Bernal) que recebe o convite para integrar a equipe de apoio à campanha do “Não”, contra a permanência do General Augusto Pinochet no poder, tendo por isso que se opor ao chefe da empresa de publicidade para o qual costumava trabalhar, encarregue da campanha para o “Sim”.
O roteiro, escrito por Pedro Peirano, se baseia na peça “El Plebiscito” do escritor e dramaturgo chileno Antonio Skármeta.
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Segunda-Feira, 29 de Fevereiro
Centro Municipal de Cultura de Torres – 20h
Como Nascem os Anjos (1996)
de Murilo Salles – Brasil
Na fuga da favela, perseguidos por soldados do tráfico, o anômalo trio formado pelo bronco e violento Maguila, pela Branquinha, uma menina de 13 anos que diz ser mulher de Maguila e pelo Japa, outra criança, chega até a mansão de um bairro nobre onde vive William, um cidadão americano, com sua filha Julie e a empregada Conceição.
A situação, aparentemente tranquila, precipita por uma série de equívocos gerados pelo medo dos moradores da casa e assim todos os personagens acabam reféns de uma situação estranha, num crescendo de tensão e non-sense, que lentamente acaba tomando proporções imprevisíveis.
O filme, já premiado em 1996 nos festivais de Gramado e Brasília, atualmente é considerado como um dos filmes mais importantes da fase da retomada do cinema brasileiro na metade dos anos noventa.
MARÇO:
Segunda-Feira, 7 de Março
Sessão Especial para Dia Internacional da Mulher
Centro Municipal de Cultura de Torres – 20h
Florbela (2012)
de Vicente Alves do Ó – Portugal
Uma intensa biografia da celebre poetisa portuguesa Florbela Espanca, focando os últimos trágicos anos de vida, nos quais o peso dos acontecimentos e da forte rejeição por parte de uma sociedade autoritária e retrógrada atinge lentamente uma proporção insustentável aos olhos da peculiar sensibilidade da poetisa.
Por ser mulher, no passado, o seu reconhecimento foi bem inferior ao que tiveram seus contemporâneos Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, mas atualmente Florbela Espanca já é considerada figura central na poesia portuguesa. Suas atitudes de transgressão aos padrões comportamentais da época para o gênero, desafiando preceitos da sociedade (casou-se três vezes e frequentava a boemia, fumando e bebendo, algo impensável na época para uma mulher), a colocam como uma autêntica precursora do feminismo.
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Segunda-Feira, 14 de Março
Centro Municipal de Cultura de Torres – 20h
Como Água para Chocolate (1992)
de Alfonso Arau – México
Em “Como Água para Chocolate” a narração da história é feita pela sobrinha-bisneta da Tita, protagonista do filme, através de um livro de receitas que é passado através das gerações de mulheres da família: a Tita na morte do pai se tornou vítima de uma tradição local, que dizia que a filha mais nova não poderia casar para cuidar da mãe até a sua morte, tendo assim que renunciar ao amor da sua vida e expressar nos sabores da cozinha todos os sentimentos aprisionados.
O filme é uma adaptação do romance homônimo, com roteiro pela própria autora do livro, a Laura Esquivel, e realizado pelo marido, o Alfonso Arau.
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Segunda-Feira, 21 de Março
Centro Municipal de Cultura de Torres – 20h
O Cachorro (2004)
de Carlos Sorín – Argentina
A vida de Juan “Coco” Villegas, um desempregado na isolada região da Patagonia que tenta sobreviver com a venda de facas artesanais, muda repentinamente quando recebe em pagamento um cachorro: expulso por isso da casa da filha, onde morava, o Juan sai com a própria camionete pela região, procurando nas competições caninas dinheiro e a autoestima perdida, mas encontrando no cachorro uma amizade e parceria incondicional.
Um filme, realizado com atores não profissionais num dos recantos mais belos mais isolados da Argentina, que aposta na simplicidade e na emoção autentica.
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Segunda-Feira, 28 de Março
Centro Municipal de Cultura de Torres – 20h
A Casa de Alice (2007)
de Chico Teixeira – Brasil
Alice é uma manicure que tem em torno de 40 anos e está com a vida estagnada: mora na periferia da cidade de São Paulo com seu marido e seus três filhos. Ao lado da família, tenta levar a vida do melhor jeito possível e enfrentar os problemas do dia-a-dia, inclusive a traição do marido, ansiando por uma felicidade que considera impossível.
É o filme que revelou ao Brasil e ao mundo o talento do realizador Chico Teixeira, antes conhecido somente pela sua atividade de documentarista, e que se manifesta num delicado realismo estilístico e de afetos.