Arte na Tela

Em Maio o Cineclube Torres convida todos os amantes da pintura e da arte em geral, para assistir a uma seleção de filmes sobre a vida e a obra de consagrados artistas, que expressaram nas próprias telas significados, emoções e sentimentos, com as mais variadas declinações técnicas e compositivas. São artistas de vários séculos, que se destacaram no seu tempo pela sua visão inovadora, contribuindo para a sociedade através da atividade pictórica, diretamente ou indiretamente, na definição de novos paradigmas, não só estéticos.

2016 05

*

Segunda-Feira, 2 de Maio
Centro Municipal de Cultura de Torres – 20h

O Moinho e a Cruz (2011)

De Lech Majewski – Polônia

O MOINHO
Pieter Bruegel “O Velho”, foi um dos mais talentosos e conhecidos pintores renascentistas flamengos. Vivendo no século XVI, na região dos Países Baixos, o pintor presenciou o rígido domínio absolutista do Império Espanhol sobre a região, muitas vezes representado nas suas pinturas, sempre carregadas de simbolismos. O cineasta polonês Lech Majewski transpõe para a tela de cinema a celebre obra “Procissão Para o Calvário”, pintada em 1564: esta enorme pintura, com grande número de cores, ampla extensão cênica e diversos acontecimentos representados, é reconstruída com uma narrativa simbólica, numa obra cinematográfica intimista, mas rica de efeitos visuais e com uma fotografia extraordinária.

*

Segunda-Feira, 9 de Maio
Centro Municipal de Cultura de Torres – 20h

Moça com Brinco de Pérola (2003)

de Peter Webber – Reino Unido

MOÇA COM BRINCO DE PEROLA

O filme se inspira no quadro homônimo do pintor holandês Johannes Vermeer (Sec. XVII), um artista que buscou, na intimidade de um estúdio e com um equilíbrio de luz/espaço/cor, elevar à poesia a trivialidade do cotidiano, sempre com senso profundo de harmonia e serenidade. Mas o filme, mais que sobre a apurada técnica pictórica, auxiliada talvez pelo uso da câmara escura, enquadra aspectos da sociedade da época, como as estruturas familiares tradicionais, o mercantilismo da arte e a inferioridade da mulher: neste contexto surge, em contraposição e come protagonista absoluto, a figura representada no quadro, a transgressora empregada de casa Griet, interpretada por uma deslumbrante Scarlett Johansson.

*

Segunda-Feira, 16 de Maio
Centro Municipal de Cultura de Torres – 20h

Basquiat (1996)

de Julian Schnabel

basquiat

É o primeiro filme do artista plástico Julian Schnabel, contemporâneo de Jean-Michel Basquiat, e esta proximidade permite ao autor exaltar a importante herança cultural deixada por Basquiat, tentando deixar em segundo plano alguns aspetos biográficos característicos, como o preconceito vivido por ser artista negro e os vícios que tornaram a sua vida intensa, mas breve. O filme evidencia também a nova relação, característica desde a Pop Art, dos artistas e das suas obras com o sistema econômico da arte, as suas novas estruturas e estratégias de venda e difusão. No elenco, repleto de astros e estrelas, se destaca o cantor David Bowie, no papel do pintor e artista total Andy Warhol.

*

Segunda-Feira, 23 de Maio
Centro Municipal de Cultura de Torres – 20h

Renoir (2012)

de Gilles Bourdos

RENOIR

Fugindo da tradicional cinebiografia, o filme não isola o trabalho do imortal pintor impressionista Auguste-Pierre Renoir, embora exista um amplo destaque para sua técnica, reproduzida visualmente nas cores intensas e saturadas da fotografia do filme. A ação se concentra nos últimos anos de atividade do pintor que, embora doente, aproveita a chegada como modelo de uma aspirante atriz para transforma-la em sua nova musa inspiradora. É nesse momento que surge o verdadeiro protagonista do filme, o filho do pintor e futuro cineasta, Jean Renoir, figura relevante na história do cinema francês, que com a musa representará assim o pivô da transição entre a pintura e a nova arte emergente do sec. XX, denominada 7ª Arte, o Cinema.

*

Segunda-Feira, 30 de Maio
Centro Municipal de Cultura de Torres – 20h

Pollock (2000)

de Ed Harris

POLLOCK

O filme permite uma atenta reflexão sobre a natureza complexa da criação artística: para as suas telas, Pollock utilizou uma nova técnica denominada por “action painting”, no qual o gesto é o significado em si mesmo, libertado da responsabilidade de representação figurativa da realidade, expressando unicamente as tensões e emoções do artista no momento, sem nenhuma condicionante. O realizador, Ed Harris, interpreta também o protagonista do filme nos últimos anos de atividade: sem deixar sobre a tela marcas do pincel, Pollock larga diretamente fluxos de tinta, urdindo com gestos e movimentos do corpo uma complexa e tortuosa trama pictórica, representativa da instabilidade emocional e psicológica.