“Pão e Rosas” abre o ciclo de maio do Cineclube Torres inteiramente dedicado à obra de Ken Loach, na próxima segunda dia 6, às 20h, na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo.
Homenagem a um dos mais velhos cineastas ainda em atividade até ano passado, com um percurso artístico marcado por um cinema engajado e militante em favor das classes mais desfavorecida.
Após dois meses de filmes Latino-americanos do 10º Ciclo de Filmes de Expressão Ibero-Americana, se inaugura na próxima segunda feira um novo ciclo de audiovisuais que é uma homenagem em vida a um cineasta que durante décadas procurou, nos seus filmes e nas suas intervenções públicas, dar a voz aos assalariados.
Foi ele que ao saber de uma reivindicação sindical de trabalhadores de um festival italiano reclamando da precarização do trabalho, assédio e demissões, se recusou a receber neste festival (o prêmio para o conjunto da sua obra: “Como poderia eu não responder a um pedido de solidariedade dos trabalhadores que foram demitidos por lutarem pelos seus direitos?”, questionou.
De fato, com seus filmes, mas também com o seu exemplo de artista militante, Loach ensina que a empatia e a solidariedade são os primeiros passos para construir um futuro melhor para todos.
Em “Pão e Rosas” o foco está exatamente na precarização do trabalho assalariado pelas companhias de limpeza dos grandes escritórios de Los Angeles (EUA). Exatamente onde se multiplica o capital, trabalhos essenciais são entregues a empresas que utilizam mão de obra de imigrantes legais ou ilegais, de precários, num clima de assédio e redução de direitos trabalhistas
Maya (Pilar Padilha) e Rosa, são duas irmãs, imigrantes mexicanas vivendo nos Estados Unidos que trabalham como faxineiras em um prédio comercial. Suas vidas se cruzam com Sam (Adrian Brody), um ativista norte-americano que luta pelos direitos dos oprimidos. Rosa e Maya abraçam a causa e se engajam na luta contra os patrões, o que acaba naturalmente pondo em risco o emprego, a família e até mesmo o direito de permanência em território estadunidense.
O filme baseia-se em fato verídico ocorrido no importante centro comercial de Los Angeles (Century City’s Office) em maio de 1990, quando cerca de 500 a 700 trabalhadores e trabalhadoras do setor de limpeza dos prédios comerciais da região, grande parte deles mulheres e imigrantes ilegais, decidiram entrar em greve reivindicando melhores salários, mas também mais visibilidade e consideração, as rosas do slogan sindical e título do filme.
“Pão e Rosas” (Bread and Roses) ganhou o prêmio de “Melhor Filme Europeu” no Festival do Rio em 2000 e é apontado como subsídio audiovisual indispensável para análise da temática da precarização e da opressão feminina no trabalho.
A sessão inaugura o ciclo de maio “Thank U, Ken” que será programado todas as segundas feiras, às 20h na Sala Gilda e Leonardo, com a organização do Cineclube Torres, Associação sem fins lucrativos, Ponto de Cultura pela Lei Cultura Viva e Ponto de Memória pelo IBRAM, em atividade desde 2011, contando com a parceria e o patrocínio da Up Idiomas Torres.